domingo, 29 de junho de 2014

A Menina Quer Isto XLIX


Como? Mas como??? Como é que eu ainda não tenho isto? COMO??? Eu, que tenho toneladas de edições do Quixote; eu, que venero Cervantes como o maior génio que a literatura já teve; eu, que volto a cabeça só de ouvir o nome 'Cervantes', como raio não tenho isto? Alguém me explica isto? Não entendo. Mas quero.

Nota: Como é notório, a imagem saiu da página da Wook.

Sem título por falta de palavras

Durante a tarde li uma notícia do Diário de Notícias online sobre o filho da jornalista Judite de Sousa. Percebia-se que o caso era delicado, que a situação era muito grave e qualquer pessoa de bom senso compreenderia que o melhor a fazer era ficar calado ou, em caso de querer mesmo comentar a notícia, seria de bom tom e até de enorme humanidade desejar força àqueles pais. Nunca atacá-los. Fiquei, por isso, indignada e de queixo completamente caído quando caí na asneira de ler alguns dos comentários deixados à notícia em questão. Eram ofensivos, eram desumanos, eram cruéis para lá de tudo o que já se pode esperar de gente estúpida. Havia gente a dizer que a mãe merecia o que estava a sofrer, muitos que questionavam o modo como o rapaz chegou ao emprego que tinha, uma enormidade de gente a referir que não sabia por que se falava daquela pessoa e não de outras crianças que também morreram por estes dias em incêndios. Havia comentários verdadeiramente chocantes e ofensivos. Havia de tudo, mas bom senso, educação e respeito pelo próximo e pela dor alheia havia zero.
 
O filho de Judite de Sousa acabou por falecer e tinha mais ou menos a minha idade. Era filho único e, pelo que percebi por uma entrevista a que assisti há uns meses, adorado até ao infinito pela mãe. Aquele jovem sofreu um acidente que lhe roubou a vida e os seus pais devem estar a sofrer numa medida que poucos conseguirão, felizmente, algum dia imaginar e compreender. A mãe daquele rapaz é uma figura pública, mas isso não faz dela merecedora de insultos cruéis ou de analogias estúpidas (como também havia) entre o acidente vivido pelo filho e o estilo de vida de um certo jovem que ela entrevistou há tempos e que tanta confusão gerou. Independentemente de algumas cabeças não compreenderem o destaque dado ao 'desconhecido' filho de Judite de Sousa só porque a mãe é conhecida, e o relativo pouco destaque dado a outras mortes, a verdade é que há um filho que morreu, um filho único de vinte e nove anos que partiu cedo de mais e que deixou muito, mas mesmo muito por viver. Por cá fica uma mãe, que por acaso é conhecida por todos nós através do trabalho que desenvolve, que deve estar devastada e que não merece tanto ódio neste momento de dor e de enorme vazio.
 
Choca-me que existam urubus assim. Gente tão mesquinha, tão reles que se serve da internet para ferir, para magoar, para aniquilar quem já sofre. Fosse a Judite de Sousa ou o Zé da esquina: isto não se faz. A morte de um filho (ou de outro familiar) é dor suficiente para que se lhe acrescentem outras dores. Isto é pôr o dedo na ferida e regá-la com tudo o que possa fazê-la arder. Acredito que a última coisa que esta mãe venha a fazer seja ler estes comentários de gente que estando viva já morreu por dentro. Porém, se algum dia se cruzar com eles, espero que se recorde de que ainda que tanta escumalha exista, há muitas pessoas que a respeitam, que respeitam este momento de dor e que lamentam profundamente o fim de uma vida tão jovem, que tinha ainda tanto para viver. Assim como respeitam e lamentam outras vidas perdidas em famílias menos conhecidas. E isto não é nada mais do que ser-se humano, como todos devíamos verdadeiramente ser.

sábado, 28 de junho de 2014

A nova revista Ler

Todos já tivemos alguma vez esta sensação: saber que alguma coisa promete ser tão boa, mas tão boa que adiamos o seu início só pelo gozo de saber que quando a começarmos vai ser mesmo bom. Acontece com certos livros ou filmes de que ouvimos falar e que têm tudo para ser do nosso agrado. Parece paradoxal, mas é a verdade e até há quem o diga, por exemplo, em relação aos clássicos: sorte de quem ainda não leu alguns deles, pois terá o prazer de o fazer pela primeira vez. 

Não vou falar de um clássico, mas sim de alguma coisa com a qual andava muito decepcionada. Falo-vos da revista Ler e, se já critiquei negativamente as suas mudanças, aqui estou para apontar aspectos positivos que encontro no seu novo formato.

Compro esta revista de forma assídua mais ou menos desde que comecei a trabalhar também de forma assídua. Adorava o seu conteúdo, mas também a sua imagem. Depois sofreu uma mudança e perdeu muito do bom aspecto que tinha. Agora passou a trimestral e saiu este mês o mais recente número. Tinha receio de que ainda piorasse, contudo deixem-me dizer-vos que a revista está a-p-e-t-i-t-o-s-a! Está mais gordinha, tem um papel reciclado que lhe dá um ar sério (nem sei explicar-vos isto) e voltou a ter uma imagem irresistível. Parece mais cuidada do que nos seus últimos tempos enquanto publicação mensal. Mistura fotos a preto e branco com algumas imagens a cores que, naquele tipo de papel mais escuro, fica mesmo bem. 

Quanto ao conteúdo, ainda não li tudo (lá está, ando a adiar...), mas do que li gostei. Apreciei particularmente o soneto do Vasco Graça Moura inserido na primeira badana (sim, agora a revista tem badanas e ficam-lhe mesmo bem). Mas melhor do que estarem para aqui a ler qualquer coisa que nem sei bem explicar, procurem esta revista e vejam se concordam comigo: esta mudança fez bem à Ler que, a meu ver, andava muito desinteressante. Agora vale bem o dinheiro que por ela se paga.


sexta-feira, 27 de junho de 2014

A Wook esmerou-se

Estou espantada! Ontem a Wook fez uma promoção e eu, como tinha um valor já jeitoso no PPL, resolvi aproveitar os descontos e mandar vir duas coisinhas. Ontem, às nove da manhã, fiz e paguei a encomenda. Hoje às dezasseis horas recebi uma mensagem a informar que a mesma já estava na estação dos correios da minha área de residência. Já fui buscá-la e já namorei os meus livrinhos novos que, diria, terão vindo de jacto.


quarta-feira, 25 de junho de 2014

Loop

Chega a ser desesperante a quantidade de vezes que os canais por cabo repetem os mesmos programas. Sinto que pago pela mesma coisa meio milhar de vezes. Que roubo!

terça-feira, 24 de junho de 2014

Hipócrita

Entro eu no autocarro e sento-me no único lugar vago que vi. Ia a falar ao telemóvel e levava alguns objectos na outra mão. Logo na paragem seguinte entram duas senhoras idosas. Uma delas sentou-se no lugar imediatamente à minha frente, que entretanto vagara. A outra ficou de pé, pois não havia lugar.
 
Como ia ao telefone e de mãos ocupadas, não me levantei logo para ceder o meu lugar à senhora, mas fi-lo mal desliguei a chamada. Neste espaço de tempo passaram umas três paragens. Quando desliguei a chamada, toquei no braço da senhora e disse-lhe para sentar-se ali. Primeiro não quis, depois perguntou-me se ia sair na próxima paragem, ao que respondi que não, mas que ela podia sentar-se na mesma. Acabou por aceitar.
 
Resta-me dizer-vos que enquanto isto tudo acontecia, um dos lugares perto da senhora ficou vago e uma senhora africana (embora pudesse ser qualquer outra coisa que isso para aqui não faz grande diferença) com um terço da idade da senhora, vendo a idosa, preferiu sentar-se sem sequer perguntar se esta queria o lugar. Quando, enfim, a senhora se senta no lugar onde eu estava, uma retardada mental (que não tem outro nome) e que estava ali ao lado diz «Eu já ia levantar-me.». A isto só consegui responder «Ia, ia...». E começou a ladainha do «Mas eu tenha uma ursa numa perna, mas ia já levantar-me.»
 
Meu monte de esterco que desperdiça diariamente oxigénio precioso para gente como deve ser, cala-te! Não deste o lugar a uma senhora que tinha idade para ser tua bisavó, ao menos tem a decência de calar essa boca porca e de parar de fingir que és boa pessoa. Se tu tens uma ursa numa perna, eu sou um carneiro doutorado! O que tu tens é uma falta de educação elevada a potências astronómicas, conjugada com uma falta de civismo que merecia muita porrada nesse lombo. Enquanto eu não me levantei, tiveste muito tempo para o fazer e se não o fizeste é porque és uma ranhosa de peida larga incapaz de respeitar a idade dos outros, mas muito capaz de fazer uso das tuas miseriazinhas (que sabe Deus se são verdade) para justificar os teus atos merdosos. Aliás, toda tu és merdosa.
 
Sim, fiquei enraivecida com isto. Não me importo de dar o meu lugar a quem precisa, mas que não venha nenhuma nojentinha depois com hipocrisias do tipo «Eu ia levantar-me.» quando não o fez porque não quis. Gente desta merece merda. Ou melhor: gente desta É merda.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Ainda antes das oito

Ainda antes das oito da manhã lembrei-me de que o Sr. Gato precisava de tomar o comprimido desparasitante no início desta semana. Vai daí e lanço-me sozinha nessa missão épica.
Em primeiro lugar, devo informar que foi a primeira vez que o bichano tomou um comprimido, já que até aqui sempre foi desparasitado com uma pasta nojenta que vinha numa bisnaga e cuja aplicação era igualmente espectacular. Bom, mas como dizia, o fofinho tinha de tomar um comprimido e eu achava desde o início que essa tarefa seria tramada. Perante tal pressentimento, comecei a engendrar formas de pôr aquele Bosques da Noruega a desparasitar-se sem grandes sofrimentos. O que se segue é, pois, a sequência dos oito minutos matinais mais alucinantes da minha vida:
Dia sim dia não, o Sr. Gato tem de tomar um pouco de uma pomadinha de malte que serve para evitar as bolas de pelo. E eu penso «Aquilo é castanho escuro e tu costumas lamber aquilo do meu dedo, por isso é só pôr mais um bocadinho e esconder o comprimido no meio. Lamberás tudo. Que esperta que sou!». Ora lá ponho eu uns dois ou três centímetros daquilo no dedo, espeto com o comprimido lá no meio e chamo-o. Ele cumpre a habitual missão de lamber aquela papa nojenta. Contudo, deixa-me o comprimido colado ao dedo.
Continuando a considerar o Sr. Gato como sendo fraco de espírito e, portanto, fácil de enganar, deito mais um bocado daquela mistela no dedo, mesmo por cima do comprimido. O nojentinho lambeu a nhanha toda, mas o comprimido permaneceu agarrado à minha pele. Enquanto eu constatava esse facto, já o amorzinho tinha ido à vida dele.
Sem entrar em pânico, lembrei-me de que os gatos costumam gostar de fiambre. Vai daí e tiro um pouco do frigorífico. Enrolo o comprimido (já sem cor, de tanta lambidela) no fiambre e chamo o Sr. Gato. Ele vem, cheira, lambe e, Deus saberá como, consegue comer o fiambre e deixar o comprimido.
Gemendo de raiva e vendo a hora de sair de casa para o trabalho a aproximar-se, enrolo o comprimido (que por esta altura já parecia tudo menos um comprimido) em mais um bocado de fiambre e coloco-o mesmo em frente do nariz cor-de-rosa do pequenito. Ele cheira, lambe e... vira costas. Já nem o fiambre queria!
Nesta altura começo a ver o caso mal parado e a pensar que se calhar tinha sido má ideia lançar-me sozinha em empresa tão complicada. Começava já a considerar que um dos doze trabalhos de Hércules podia bem ter sido o de dar um comprimido a um gato. Mas não desisti, até porque não tinha outro comprimido para dar-lhe.
Recorri, depois, à alternativa desesperada: enfiar-lhe o comprimido pela goela abaixo, fechar-lhe a boca e contar até dez, esperando que durante esse tempo o desgraçado deglutisse aquela porcaria. Tinha ele trepado para a bancada da cozinha, passado por cima do micro-ondas, torradeira, cafeteira eléctrica, máquina de café e fazendo ranger todos estes electrodomésticos sob o seu amoroso peso de quase cinco quilos quando começo a tentar fazê-lo abrir a bocarra. Lá consigo, enfio o peganhento comprimido, fecho-lhe a boca e é aí que aquele bicho, o mais simpático que já conheci, começa a espernear e a dar à cauda, atirando ao chão boa parte dos objectos que se encontravam ao seu alcance na bancada da cozinha. Para evitar cacos, largo o focinho do bicho de maneira a agarrar o que ele ia tombando e, nesse momento, o malfadado comprimido é cuspido. O gato, esse, levanta a cauda e pira-se exibindo um ar que era uma mescla de altivez com parvoíce. Por essas alturas também já alguém gritava do quarto «Mas que raio estás tu a fazer ao gato??!».
Já com pouco tempo disponível e um comprimido babado, sem cor, e que era filho único cá em casa, resolvo chamar a mim a artilharia pesada: uma saqueta de comida húmida. O Sr. Gato adora-a e, assim, havia a esperança de que papasse o comprimido ali pelo meio dos pedaços suculentos e gelatinosos das suas saquetas favoritas. Lá despejo o conteúdo de uma embalagem no seu pratinho e escondo o desparasitante no meio. Chamo a bolinha de pelo e lá começa a sessão de lambidelas-sugadoras-do-molho-das-saquetas. Trinca três ou quatros pedaços enquanto eu, à mesa, tomava o pequeno-almoço e aparentava um total desinteresse pela refeição felina. Pelo rabinho do olho, claro, ia controlando a coisa. Estava cheia de expectativas. 
Mas a porra do comprimido continuou no prato.
Nisto, o outro habitante cá de casa levanta-se e, qual estrumpfe moralista, diz «Nunca se fazem estas coisas com tempo contado. Tem de ser com tempo!».
Bufando, levanto-me da mesa, agarro num garfo e no prato onde estava a mistela com o comprimido e aproveito o facto de este já estar completamente amolecido para o esmagar e misturar com a comida, rezando a todos os santinhos para que o amorzinho comesse aquela mistela durante o dia. Enfim, deixando tudo em mãos divinas, saio para ir trabalhar. Durante o dia lembrei-me muito do Sr. Gato, esperando que tanta porcaria de tanto come isto, lambe aquilo, abre a boca, engole isto, agora come aquilo se fazes favor não lhe tivesse feito mal. Ansiava, também, por ver se ao chegar o pratinho estaria já totalmente lambido
Lá chego a casa a meio da tarde e deparo-me com um prato ainda com bastante comida. À rasquinha para fazer um xixi (que não fazia desde as sete da manhã), lá me encho de paciência e, depois das festinhas próprias da chegada a casa, agacho-me junto dele apontando para o pratinho. O desgraçado come mais um bocado. Não me levantei dali enquanto não parou porque se o fizesse, ele como gato arraçado de cão que é, viria atrás de mim e lá se ia a paparoca. Esperei, apontei para o pratinho, esperei, voltei a apontar para o pratinho quando a convicção começou a faltar-lhe. Enfim, fiz o que qualquer maluco faria.
Para concluir esta aventura que já vai longa, devo dizer-vos que são agora nove horas e vinte minutos e o amorzinho ainda não comeu aquilo tudo. O pratinho vai comigo de divisão em divisão para ver se o Sr. Gato tem a decência de lhe pegar enquanto anda atrás de mim. A veterinária, quando lhe liguei para combinar uma consulta, soltou uma audível gargalhada perante esta história e sugeriu-me o uso de ampolas na pele nas próximas desparasitações. E afinal teria sido tudo tão mais fácil...
Nota: Quem nunca leu deve ler o conto «Múrio e os Comprimidos», de Ondjaki. Palavra que hoje passei a compreendê-lo muito melhor.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

A Menina Quer Isto XLVIII


Sobre livros e escritores? Sobre alguém que resolve mudar pela leitura? Sobre estátuas de escritores? Tenho de o ter, tenho de o ter!!!

quarta-feira, 18 de junho de 2014

A Menina Quer Isto XLVII

Há tanto tempo que não vinha cá dizer que quero isto ou que quero aquilo. Mas não, as minhas ambições e desejos (que geralmente se resumem a livros) não sumiram. O que acontece é que tenho tido tanto trabalho que nem tenho pensado muito no assunto. Além disso, acabou de terminar uma Feira do Livro onde comprei muito daquilo que queria já há algum tempo. Porém, nunca deixarei de querer mais uns livritos e por isso e por culpa de um email da FNAC, a menina quer isto:

 
Na Feira comprei o Na Curva do Rio, que já queria há algum tempo, e agora eis que a FNAC tira quarenta por cento ao preço deste menino (da Quetzal. Já vos disse que ADORO as edições da Quetzal?!). Fosse noutro mês e já estava, mas este mês já estou na mais profunda miséria e se entra mais um livro cá em casa, não sei não...
 
Mas há mais: a menina também quer... OUTRO MESTRADO! A Pós-graduação que andou a namorar durante dois anos acabou e agora descobriu que há um mestrado noutra universidade que merece muita atenção. Portanto por estes dias a menina anda a fazer contas à vida e a pensar que era o que de melhor lhe podia acontecer: uma mudança de ares e, no futuro (espero que não muito longínquo), uma mudança de profissão. A ver, a ver...

domingo, 15 de junho de 2014

O adeus à Feira

E pronto, lá se acabou a Feira do Livro de Lisboa 2014. Queria ter ido lá despedir-me na sexta-feira, mas, honestamente, o calor que estava ganhou e fiquei por casa a jiboiar de uma divisão para a outra. É por essa razão que prefiro que a feira decorra mais cedo. Antes prefiro estar lá com umas gotas de chuva do que a morrer com o sol abrasador que por lá se faz sentir. Sol e concentrações de pessoas não são, de todo, as minhas coisas favoritas.

Sobre a feira já falei noutros posts. Fartei-me de comprar livrinhos, especialmente de viagens. Trouxe vários e até trouxe, através de uma promoção muito jeitosa, os do Michael Palin que me faltavam. Agora é esperar que para o ano haja mais feira e que tenha pechinchas tão boas ou ainda melhores do que neste ano. E que algumas editoras percebam que a muita qualidade que têm não serve para perdoar os preços exorbitantes para uma Feira do Livro que, não pretendendo dar os livros de mão beijada, também não deve ser apenas uma livraria a céu aberto. 

sexta-feira, 13 de junho de 2014

No rescaldo dos santos...

... Ouve-se o seguinte diálogo:

- Eh pá, ontem à noite levantei trinta euros e quando voltei para casa, só tinha cinco!

- E eu levantei quarenta e também só tinha cinco quando cheguei a casa. 

- Grande coisa! Eu levantei cinquenta e quando cheguei a casa, não me sobrava nada!

- Pois... É muito... E eu, quando cheguei a casa, ia com fome.

- Eu também. 

- E eu!

Foi isto. Ir para os santos é muito giro, mas também é um verdadeiro assalto.  O que vale é que é uma vez por ano. Como a Feira do Livro...

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Com bolinha

Isto é o Guia Tv da minha televisão, fotografado esta noite. Já achei estranho quando no 24Kitchen me apareceram programas sobre o Benfica e a repetição do jogo Farense x Moreirense, mas o pior foi o que vi na programação do Motors Tv. Eu julgava que era um canal sobre carros, motores e afins. Afinal parece que não. Mas o melhor foi ligar para a empresa e explicar isto...


Até consegui um desconto na factura! Foi lindo.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Amando


Este veio da Feira do Livro deste ano e já vai a meio. Esta senhora escreve tão, mas tão bem. Atrevo-me a dizer que, tendo em conta os seus contos, é a Sophia do país vizinho. As histórias são muito bonitas e tocantes e o modo como combina as palavras, criando imagens poéticas verdadeiramente únicas é admirável. Estou a adorar até agora, assim como adorei o romance Paraíso Inabitável, que li no ano passado. Tem poucos livros traduzidos para a nossa língua, contudo lê-se bem em espanhol e vale mesmo a pena que experimentem, nem que seja um conto. Não se arrependerão, garanto.

terça-feira, 10 de junho de 2014

O oito e o oitenta

Ontem, uma amiga minha viu uma foto do meu gato onde ele está num nicho de uma das muitas prateleiras que cá por casa existem. À volta dele estão, claro, livros. Na foto devem ver-se uns vinte e tal livros. E diz-me a menina:

- Credo! Tu tens estes livros todos em casa?!

- Não. Tenho cerca de dois mil e quinhentos livros. Esta é apenas uma prateleira. Existem muitas mais em várias outras estantes...

Acho que a menina teve um colapso. Mais ou menos o mesmo que eu tive quando soube que ela é professora e alérgica à leitura de tudo aquilo que não seja obrigada a ler por via da profissão que tem. Bem sei que a biblioteca cá do sítio impõe respeito e causa alguma admiração (até pela minha idade, na qual não se espera uma tão considerável "colecção pessoal"), mas não imagino a minha vida sem os meus livrinhos. Sei que podia parar já de comprar livros e teria sempre algo novo para ler para o resto da minha vida. Lá vou vendendo os que já li ou aqueles que deixaram de interessar-me, mas não consigo imaginar-me a viver sem livros, sem curiosidade pelo que outros escreveram e muito menos a considerar vinte livros numa prateleira uma biblioteca exageradamente grande.

E o pior é que por causa dos livros da foto, ela até se esqueceu de me elogiar o gato. Malvada!

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Quanto vale um professor?

Um professor sente que vale muito, mas acredita que todos acham que ele não vale nada. E num mundo onde tantas coisas não essenciais são elevadas a patamares incompreensíveis, para trás ficam aquelas que são verdadeiramente importantes. Vem aí o Mundial de futebol num país onde as desigualdades são gritantes, num lugar onde o investimento no ensino é muito menos do que devia ser e onde ter cuidados de saúde não é fácil. No entanto gastaram-se e gastar-se-ão milhões para a festa do futebol. É verdade que o desporto rei dá lucro. É verdade que põe a economia a mexer. Mas também é verdade que ninguém pode censurar a raiva sentida por todos os que vão experimentando diariamente na pele o fraco investimento em algo tão decisivo como a educação ou a saúde. 

Assim nasce o texto que aqui vos deixo. Parte deste tema para chegar à questão: quanto vale um professor? Quanto a mim, que o sou, não vale nada. Calma, não é esta a minha opinião, não é isto o que eu acho. Mas é isto o que eu sinto. Elevam-se vários 'deuses', mas nunca se fala de professores sem apontar os preguiçosos irresponsáveis que ganham balúrdios e têm três meses de férias, enquanto o resto dos mortais tem vinte e dois dias úteis. Os professores, essa raça que não faz nada porque os verdadeiros heróis são os pais e mães que, não raras vezes, passam menos tempo com os filhos do que aquele que eu própria passo com eles. Os professores, essa corja que faz greves que prejudicam as famílias, que deixam os alunos sem aulas e os pais sem terem onde deixar os meninos. Os professores, esses miseráveis que não querem ser avaliados porque sabem que são burros e não querem ser apanhados em falso. Os professores, esses idiotas que erram nas correcções, que trabalham menos horas semanais do que os outros, que andam de costa direita enquanto os outros se esfalfam, que gritam com os meninos, que não compreendem os anjos que têm diante deles (sim, porque para todos os pais, os filhos são anjos e eu é que vejo mal...). Enfim, os professores...

Fiquem então com este artigo de opinião e, sem empates, digam-me: afinal, quanto vale um professor?

http://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/visto_por_dentro/manuel_esteves/detalhe/um_professor_vale_mais_do_que_o_ronaldo.HTML

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Limpezas e blogues

Há pouco estava a fazer a voltinha pelos blogues que tenho aqui na barra lateral e que, no fundo, foram aqueles que escolhi para ir seguindo e percebi que preciso mesmo de fazer uma limpeza a esse espaço do meu blogue. É que percebi que boa parte dos blogues que escolhi seguir já não têm atualizações há meses ou anos. Na realidade e bem vistas as coisas, sobram-me uns oito ou nove que ainda vão publicando coisas. Os restantes ou já não existem ou, estando ainda activos, já não recebem novos textos há muito tempo.
 
Isto levou-me a pensar no que são os blogues, no que representam para quem os tem e nas várias vezes em que considerei terminar com o «As Minhas Quixotadas».
 
Quando mudei de casa há uns meses e, consequentemente, mudei os meus hábitos e rotinas, comecei a ver-me com muito pouco tempo para dedicar a esta página que, salvo raras excepções, tinha funcionado de forma quase diária. Na altura considerei algumas vezes encerrar o blogue. Assim como assim é casa modesta, recebe pouquíssimas visitas diárias e como fala taaaanto de livros (algo que interessa a cada vez menos pessoas), poucos lhe sentiriam a falta. Todavia não o fiz e ainda bem, pois ter-me-ia arrependido. Gosto muito deste meu espaço e gosto de saber que são poucos, mas fiéis aqueles que o visitam. Não o fiz, sobretudo, porque odeio fins, odeio desistências e porque achei que encerrar o blogue só porque tinha menos tempo para ele não fazia sentido. Os meses acabariam por passar, a rotina nova encaixar-se-ia em mim e eu nela e o tempo apareceria então. Pois apareceu mesmo (por vezes sou uma visionária). E com o «As Minhas Quixotadas» aqui posso sempre voltar e falar daquilo que apeteça. Se alguém ler, óptimo. Se não, olhem, escrevo para mim.
 
Noto que mudou alguma coisa na minha cabeça desde que abri este espaço. Sinto-me muito mais atenta ao que à minha volta se passa e dou por mim a andar na rua e a magicar a próxima quixotada. Infelizmente e com tantos textos que vejo por dia, muitas das minhas ideias (por falta de um bloquinho de apontamentos) perdem-se e quando finalmente aqui chego já não tenho nada para dizer. É enervante, mas é assim. Na minha cabeça escolho as palavras certas, componho o texto e até escolho imagens se preciso for. Mas a memória não segura tudo porque tem tanto para agarrar e a vocês chega-vos muito pouco do que imagino.
 
Depois, ainda tenho o outro blogue («Moinho de Vento - Livros Usados») que também consome algum tempo, pois tenho de pensar no que ainda tenho e que quero vender, tenho de tirar a foto, de compor o texto, de divulgar a página. Feito tudo isto sobra pouco tempo para as quixotadas. Contudo, tenho tentado melhorar e ser mais assídua aqui para estes lados.
 
Ainda assim, vejo que são muitos os blogues que terminaram e juro que sinto saudades de alguns deles e questiono-me se os seus «criadores» estarão bem, como continuarão as suas vidas agora que nada sei deles. Com os blogues vamos seguindo pessoas, conhecendo muito sobre elas e, por vezes, quando a empatia existe, até nos sentimos emocionados ou entusiasmados com certos acontecimentos que divulgam nas suas páginas. Mas estas pessoas escolheram parar. Traçaram a linha e foram à sua vida. Imagino sempre que por detrás disso está algum cansaço que não é bom, mas sei lá... Até podem desistir porque, simplesmente, ficaram sem palavras. A meu ver, falar quando nada mais se tem a dizer é um erro a evitar, mas também é necessária sabedoria para saber quando parar, quando calar.
 
Farei, por isso, a limpeza à barra lateral com a lista de blogues logo que possa. Entretanto, para os que escolheram não continuar na blogosfera e que cuidavam de blogues que eu admirava, saibam que gostava de saber como estão e que, de certa forma, tenho saudades vossas. Para os que ainda escrevem, publicam e que ainda posso visitar, saibam que se o «As Minha Quixotadas» ainda existe, em parte, deve-se às vossas visitas. Porque sei que há quem goste de me ler a falar de livros, livros e mais livros; que há quem queira saber como pára o gato; que há quem se interesse pelos disparates dos meus alunos e pelas minhas próprias parvoíces, o blogue continuará, com muito ou com pouco tempo, até que as palavras se esgotem. Por enquanto, julgo ainda ter mais qualquer coisa para dizer.

domingo, 1 de junho de 2014

Campanha de recolha do Banco Alimentar Contra a Fome

Fui às compras na sexta-feira à noite, depois da passeata-devastatora-de-carteiras pela feira do livro e de um belo jantar. Abasteci a despensa. Não sabia que a campanha de recolha do Banco Alimentar seria logo no dia seguinte, sábado, e hoje.

Portanto, de manhã, lá fomos os dois a pé ao Pingo Doce aqui do burgo de propósito para contribuir para esta campanha. Enchemos dois sacos que espero que contribuam para matar a fome de quem precisa, seja em casas particulares, seja em instituições de solidariedade social. 

Se puderem, não deixem de contribuir para esta causa tão nobre e tão importante. Não precisamos de gastar rios de dinheiro para fazer a diferença e com pouco podemos estar a fazer muito. A quem interessar, a campanha termina no final do dia de hoje.