quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Temporariamente, out

Gentes, o blogue As Minhas Quixotadas vai passar uns dias posto em descanso. Tem de ser. Voltará logo que possível. Desculpem qualquer coisinha, sim?

Projeto Adamastor - o inquérito “Os Melhores Romances Escritos em Língua Portuguesa”

O Projeto Adamastor procura tornar acessível ao público um acervo digital de clássicos da literatura lusófona. Esta biblioteca digital pretende ser gratuita e servir a procura de todos aqueles que queiram ler nos seus eReaders, tablets ou smartphones as obras de grandes autores em domínio público. Todavia, o Projeto Adamastor, sempre ligado ao mundo dos livros e da literatura, também procura perceber quais são, para os leitores, os melhores livros escritos em língua portuguesa. Assim, lançou o inquérito “Os Melhores Romances Escritos em Língua Portuguesa”.

No fundo, o que têm de fazer é puxar pela memória, recordar os bons livros de autores lusófonos que já tiveram a sorte de ler e elencá-los (por ordem de preferência) numa lista de dez obras. Este critério da ordem de preferência é importante porque servirá para que no fim os resultados sejam apurados.

Porque me parece importante conhecer o que de melhor as letras portuguesas já criaram; porque é muito bom conhecer os gostos dos outros para podermos traçar os nossos e porque falar ou escrever sobre livros nunca é tempo perdido, deixo-vos o link para o texto de apresentação deste inquérito intitulado “Os Melhores Romances Escritos em Língua Portuguesa” e para o próprio formulário do inquérito. Seria muito bom que pudessem participar e ajudar o Projeto Adamastor a perceber quais são os romances em português mais apreciados pelos leitores e, no fim de contas, ajudar a que esta iniciativa com um nome que nos diz tanto possa continuar o seu trabalho no que ao infinito mundo dos livros diz respeito.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Chegaram os 30


Podia pôr aqui um trinta bem grande, em cores berrantes e muito vistoso. Aliás, tenho, neste dia de outros anos, deixado no blogue números catitas que representam o início de uma nova idade. Hoje deixo o que para mim foi este aniversário, este dia em que toco uma nova década: a dos trinta. Este aniversário foi doce porque chego aos trinta anos com tudo aquilo de que preciso para viver feliz e acompanhada pelas pessoas que me fazem falta e a quem muito quero todos os dias.

Foi um dia de trabalho, mas com os miúdos a cantarem-me os parabéns a cada nova aula. Foi um dia que acabou com um excelente jantar e com uma bola de gelado abraçada a um bolo de chocolate quentinho. Foi uma noite de boa companhia num sítio porreiro e com uma vista linda. Chegar aos trinta foi bom. Não sei como será esta década, não sei como chegarei aos quarenta, mas por agora estou tranquila a pensar que apesar de tudo, mesmo apesar de tudo o que a vida tem de mau, andar por cá é muito bom, especialmente quando se tem por perto uma família como a minha e um amor como o meu (e uns felinitos amorosíssimos como os que tenho!). Com eles, valem os trinta, os quarenta, os cinquenta, os mil. Desde que por cá estejamos juntos, venha o tempo e sejamos felizes.

E, claro, parabéns a mim. Que sejam uns trinta bem porreiros!

sábado, 14 de novembro de 2015

Somos Paris

De todos os tempos que o mundo já teve, este é provavelmente o pior. É o mais cruel, o mais desumano, aquele em que se perdeu qualquer noção de humanidade para ganhar-se apenas a do terror, do sangue, da morte. Não é coisa só de hoje: começámos bem no século passado, dando ao mundo, num curto espaço de tempo, aquilo que centenas de anos não haviam dado. Duas guerras mundiais abriram as portas. Depois uma Guerra Fria. Depois vários conflitos, genocídios, porcarias e porcarias sem fim que nos foram desumanizando sempre mais um bocadinho... 

Até que chegamos aqui, ao dia de hoje, e assistimos ao fim da fraternidade, igualdade e liberdade na capital do país que deu esses valores ao mundo. Perdemos no século XXI aquilo por que tantos lutaram ao longo do tempo. Este é mesmo, para mim, o pior dos tempos. Como se vive chorando constantemente a morte de inocentes e de valores que deviam unir-nos, muito mais do que separar-nos? Como se vive sentindo diariamente o medo, a desconfiança relativamente ao outro? É um tempo horrível, de facto.

Vale o que vale, mas lamento profundamente as mortes que ocorreram em França e lamento que as vidas de muitos mudem assim, drasticamente. Em Janeiro todos fomos "Charlie"; hoje, e por terríveis, terríveis motivos, todos somos Paris.


domingo, 8 de novembro de 2015

Literatura

Geralmente só vos falo dos livros quando já acabei de os ler ou quando, por alguma razão, desisto deles. Todavia, hoje vou abrir uma excepção para falar-vos do Infância, Adolescência, Juventude, de Tólstoi. 

Até hoje, foram poucos os livros que me fizeram erguer a cabeça das suas páginas e pensar “Isto sim é literatura.”. Excertos, frases, palavras que colocadas no sítio certo criam perfeição. No fundo como com uma música bonita e bem construída: a nota certa no local ideal criam magia, qualquer coisa que nem parece humana de tão perfeita que é. Vivi essa experiência com alguns livros e estou a repeti-la com este livro do russo Tólstoi. As coisas mais simples, os temas mais normais e que fazem parte da vida de qualquer ser humano, o autor consegue mostrá-los de uma forma em que nunca tínhamos pensado. Ou, por outro lado, consegue descrever tudo isso indo ao encontro de algo em que já havíamos pensado, mas nunca de forma tão poética, tão literária, tão límpida. O modo como usa as palavras é absolutamente notável e explica perfeitamente por que motivo é um clássico de outros tempos que permanecerá em todos os tempos. Mas, para que se perceba o que quero realmente dizer-vos, vou dar-vos um exemplo que foi, precisamente, o primeiro que me fez ver tudo isto neste livro de Tólstoi.

Tudo acontece porque o irmão mais velho do narrador, de repente, tem um daqueles rompantes que nos dão alguma vez na vida e que nos fazem achar que tudo o que seja brincadeira é ridículo. Estamos a falar de crianças que caminham para a adolescência e este irmão mais crescido já parece ter lá um pezinho. O problema é que, subitamente, e num espaço que convidava mesmo à brincadeira,  este rapaz ridiculariza os jogos que outrora lhe haviam dado tanto prazer, a si e aos irmãos. Vai, ainda, boicotar a brincadeira das outras crianças, o que enfurecerá o narrador que, por isso mesmo, reflectirá sobre o que é ‘brincar’ e a sua importância na vida das pessoas. Deixo-vos um excerto retirado da edição da Relógio D’Água, e que está na página 40.

“- A sério, não me apetece... é um tédio! - disse Volódia, espreguiçando-se e, ao mesmo tempo, sorrindo vaidosamente.

- Seria melhor ficarmos em casa, já que ninguém quer brincar -  pronunciou Liúbotchka já com choro na voz.

Era uma grande chorona.

- Está bem, vamos; mas não chores, por favor, detesto isso!

A condescendência de Volódia deu-nos muito pouco prazer; pelo contrário, o seu ar preguiçoso e entediado destruía todo o encanto da brincadeira. Quando nos sentámos no chão e, imaginando que estávamos a ir de barco para pescar, começámos a remar com todas as forças, Volódia ficou de braços cruzados numa posição que não tinha nada que ver com a posição de um pescador. Fiz-lhe esta observação; mas respondeu que, por mais que abanássemos as mãos, não ganharíamos nem perderíamos nada e não iríamos longe. Não deixei de concordar com ele. Quando, imaginando que ia à caça, entrei na floresta com um pau ao ombro, Volódia deitou-se no chão de costas, com as mãos atrás da nuca, e disse que fizesse de conta que ele próprio também ia. Essa atitude e essas palavras, esfriando o nosso desejo de brincar, eram extremamente desagradáveis, ainda por cima porque era impossível não concordar, no fundo da alma, que Volódia estava a ser sensato.

Também sei que é impossível não só matar uma ave, mas sequer dar um tiro com um pau. É apenas uma brincadeira, um jogo. Se raciocinarmos assim, também não será possível viajarmos sentados em cadeiras; ao mesmo tempo, acho que Volódia se lembrava bem como, nas longas tardes invernais, cobríamos a poltrona com xailes, fazíamos dela uma caleche, um de nós era o cocheiro, outro lacaio, as meninas sentavam-se no meio, três cadeiras eram três cavalos atrelados - e lá íamos de viagem. E quantas aventuras aconteciam pelo caminho! E que animadas se tornavam as tardes invernais, passando num instante! Se raciocinarmos com essa sensatez, não haverá brincadeira nenhuma. Mas se não houver brincadeira, o que nos resta então?...”


Nota: A imagem saiu da página da Wook.

Dengosa

Depois da esterilização, Lady Gatinha tornou-se ainda mais dengosa do que era. Nunca tinha querido dormir colada a mim e agora não quer outra coisa. O pior é que, enquanto o faz, ronrona e isso ao fim de um bocado enlouquece um santo. E as massagens?! Estão a ver quando os gatinhos "amassam pão" com as patinhas da frente? Imaginem-se a receber esses miminhos na cara às três da manhã. Pois.

Nota: Mas é uma fofa!

sábado, 7 de novembro de 2015

A Menina Quer Isto LXV - Edição de Aniversário (e Natal)


Vi-o ontem na FNAC e pareceu-me bem. Pelo que li sobre ele, é autobiográfico e, por isso, abrange temas que têm sido importantes na vida deste autor. E, para cúmulo, a capa é gira.

Nota: A quantidade de livros porreiros que saem nesta altura do ano chega a ser obscena.

Uma interessante viagem no tempo

Caríssimos, se ainda não se deram conta, deixem-me partilhar convosco a minha mais recente constatação: a Popota nasceu em 2007 e, portanto, já cumpre este ano uns belos oito aninhos. Pois é... A estratégia de marketing, a meu ver, mais genial no que aos brinquedos e à época natalícia diz respeito já nos acompanha há muitos anos e a espera pela “Popota” do ano é uma tradição. Para mim, a época de Natal começa verdadeiramente quando vejo a hipopótama mais gostosa do pedaço aos pulos na televisão, cantando uma canção que há-de andar-me no ouvido durante a quadra inteira (se for mesmo boa, nunca mais me esqueço dela, como aconteceu com a primeira, a de 2007).

Ora bem, a Popota de 2015 já aí está, já passa na televisão e está maravilhosa! Se no ano passado ficou aquém das expectativas, neste ano supera-as. Os meus parabéns a quem se lembrou desta melodia: está óptima. Para quem ainda não espreitou a música, aí vai ela:


Mas podem ainda fazer uma viagem ao passado e, no YouTube, assistir a todas as canções desde 2007 até esta última. Vale a pena esse momento de nostalgia popotiana.

Ele... e eu!

Por cá somos assim... diferentes. Ontem, dia de compras, comprámos calçado para andar em casa: chinelos e pantufas. Ora reparem na grauitas romana do moço e na minha bárbara foleirada. Então cá vai...

Ele:


Eu:


Argumento do moço para ter uns chinelos tão sérios:

Ele: Se eu precisar de ir para o hospital, tenho uns chinelos adequados.
Eu: Se EU precisar de ir para o hospital, achas mesmo que os meus patos não me vão parecer adequados?! Até vão combinar bem com o pijama que tem um urso no rabo...

Nós... A sermos assim diferentes (mas giros) há quase dez anos e meio. 

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

A Menina Quer Isto LXIV - Edição de Aniversário (e Natal)

Estou a dez dias de cumprir três décadas de existência e, portanto, a lista continua. Ontem descobri estes dois livros, novidades quentinhas quentinhas, uma delas ainda em pré-lançamento de tão fresca que é. 

O primeiro livro, O Paraíso Segundo Lars D., é do escritor português João Tordo que é, para mim, o melhor jovem autor português da atualidade. Temos grandes talentos nas letras protuguesas e parece-me que a nossa literatura está bem entregue nas mãos do Afonso Cruz e do Gonçalo M. Tavares, por exemplo. Porém, a meu ver, é das mãos do João Tordo que saem os textos que me deixam mais abismada, quer pelo talento para a escrita propriamente dita, quer pelas histórias que cria. Ainda hoje, o nome do romance Três Vidas recorda-me o envolvimento total em que me encontrei ao lê-lo. Assim, ontem, assim que soube do facto de este novo livro estar em pré-lançamento (estará à venda a partir do dia onze deste mês, antes do meu aniversário, portanto), fiquei em pulgas para anunciar ao mundo que a menina quer tê-lo. Tenho todos os livros do João Tordo e faço com eles (não gozem) o mesmo que faço com os do Saramago: doseio-os porque são tão bons que não quero ler tudo de uma vez e depois ficar sem livros para conhecer pela primeira vez. Enfim, a menina quer (e muito) isto:


Soube também, através da entrevista que deu à revista Sábado, que a socióloga Maria Filomena Mónica tem outro livro. Intitulado A Minha Europa, fala das viagens que fez e da Europa que foi encontrando. Parece-me, pela introdução que li aqui, na página da Wook (de onde retirei as imagens, também), um livro muito pessoal, mas não só, já que olha para a Europa e suas mudanças históricas, políticas e culturais. 

Há quem deteste a Maria Filomena Mónica e, acreditem, também não concordo com tudo o que ela diz. No entanto, o modo simples como diz as coisas, a forma direta e objetiva (por vezes seca) com que diz o que quer dizer, sem papas na língua, atrai-me. Também a vida cheia e louca que teve, capaz de deixar uma pontinha de inveja a todos os que, como eu, sejam “ratinhos de biblioteca”, faz com que queira conhecer as suas vivências. É por esse motivo que tenho quase todos os seus livros (falta-me, com enorme pena minha, Os Dabney, que a Tinta-da-China tem como esgotado há demasiado tempo...). A autora viajou muito ao longo da vida, conheceu muitas coisas, muitas gentes, muitos monumentos e, pelo meio de uma vida cheia, teve tempo de pensar sobre tudo o que viu e ouviu, vertendo parte disso em livro. Livro esse que, imagine-se, a menina também quer.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Calma...

S. Pedro, bem sei que o pessoal andou a reclamar da falta de chuva e do mal que isso nos estava a fazer e tal e tal. Mas também tens de ter calma porque ainda nem chegámos ao inverno. Não gastes já a chuva toda, não te deixes enganar pelas iluminações de Natal que ainda falta um bocado para o inverno a sério.

(Referência bíblica do dia: Palavra que hoje quando acordei achei que devia pôr os gatos para dentro de uma arca de tanto que chovia... Mas depois lembrei-me que estão esterilizados.)

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Sr. Gato, o Justiceiro da Limpeza

Lady Gatinha permanece com um penso na barriga e um fatinho que evita que se coce e arranque os pontos todos. Como está em convalescença tem a veia de diva muito inflamada e isso tem vindo a manifestar-se na caixa de areia. A madame vai à caixa, faz o seu chichi e não o tapa, deixando ali a manchinha molhada para todo o mundo ver. Medo de predadores? Qual quê! Ela depois faz o seu olhar docinho e não há predador que a persiga. 

Porém, o “irmão mais velho”, que se revelou a melhor das enfermeiras, achou por bem perdoar a pequena e remediar-lhe os males. Nos últimos dias já assistimos a isto muitas vezes: Lady Gatinha vai à caixa de areia e faz o seu chichi, saindo sem tapar; o Sr. Gato vai até lá para ver o que aconteceu e, mesmo sem lá entrar, tapa o problema e vai-se embora. Acho que tenho um gato com a mania das limpezas. É bom. O próximo passo é dar-lhe um pano do pó e esperar que o tipinho se dedique a limpá-lo.

domingo, 1 de novembro de 2015

Cuteness overload

Estou desde sexta-feira de manhã a vigiar a felinada cá de casa porque, como aqui já contei, a pequenita foi esterilizada e era importante ver como se desenvolvia a recuperação. Além disso, convinha-me ver o comportamento do Sr. Gato com ela para saber se, quando for trabalhar, tenho de os deixar separados ou não.

O que é certo é que, tirando as pausas para ir às compras, passei um fim-de-semana muito felino, sempre de olho na pequenita e nunca com o Sr. Gato a menos de metro e meio de mim. Passámos, por exemplo, a tarde na divisão dos livros: a gatinha na alcofa, eu deitada no sofá e o Sr. Gato a dormir nas costas do sofá, mesmo ao meu lado. Enquanto chovia e o tempo cinzento me impedia até de ler, ouvi-o respirar durante o sono e acabei por adormecer também.

Mas agora digam-me: depois da "cuteness overload" que tive neste fim-de-semana, como conseguirei eu ir trabalhar amanhã?!